“A liderança constitui uma condição para o êxito. Qualquer abordagem preventiva só pode dar frutos se for apoiada pela direção. Esta abordagem preventiva pode recolher orientação e contributos de uma liderança forte e visível e de gestores empenhados a todos os níveis, deixando assim claro para todos que a segurança e saúde constituem questões estratégicas dentro da empresa.”
“A direção da empresa pode demonstrar liderança na prevenção dos riscos para a segurança e saúde no trabalho. Há três princípios subjacentes à gestão que são fundamentais para o reforço da segurança e saúde, a saber:
- Liderança forte e eficaz;
- Envolvimento e participação construtiva dos trabalhadores;
- Avaliação contínua e de atualização.
Estes três pontos são, seguidamente, desenvolvidos de forma mais pormenorizada.”
Algumas campanhas podem ser implantadas porém corre-se o risco de cair em armadilha que muitas empresas caem de tentar eliminar a ocorrência de acidentes do trabalho apenas com as campanhas de segurança que, geralmente, resumem-se a um slogan ou frase de efeito.
“A chamada fase de “conscientização das pessoas”, isoladamente, tem efeito temporário e não produz os resultados desejados pois, a forma para atingir o objetivo, no caso evitar acidentes, é obscuro para a maioria das pessoas; guardadas as devidas diferenças, podemos fazer a correlação, por exemplo, com o tabagismo.
A maioria dos fumantes tem plena consciência de todos os males que este hábito causa e, se apenas a conscientização bastasse, certamente, o número de fumantes seria diminuto, porém, na realidade, não é isto que se observa.
Voltando à Segurança do Trabalho, uma pesquisa publicada pela European Agency for Safety and Health at Work sugere que melhorias duradouras e contínuas em Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) somente serão alcançadas através de uma mudança fundamental na organização em questão, ou seja a criação de uma cultura de prevenção, demonstrando que a organização coloca os valores mais elevados em matéria de SSO no ambiente de trabalho. Ainda de acordo com a publicação mencionada, a desejada mudança cultural, exige o envolvimento e participação de todos na organização, principalmente, de seus líderes.”
“Na prática, isto significa que:
- a direção assume a segurança e saúde no trabalho como um valor central da organização, comunicando-o aos trabalhadores;
- os diretores têm uma visão muito precisa do perfil de risco da organização;
- a direção lidera através do exemplo e demonstra integridade nessa liderança, nomeadamente, cumprindo sempre todas as normas em matéria de segurança e saúde no trabalho;
- os papéis e as responsabilidades dos diferentes atores na prevenção e na gestão dos riscos para a segurança e saúde no trabalho encontram-se claramente definidos e são planeados e monitorizados proativamente;
- a SST pode figurar na estratégia de sustentabilidade e/ou de responsabilidade social da empresa e pode ser incentivada ao longo de toda a cadeia de abastecimento.”
“Um dos exemplos mais emblemáticos de liderança para a segurança vem de uma empresa norte-americana, reconhecida mundialmente por sua cultura de segurança.
Conta-se que esta empresa iniciou no seculo XIX a fabricação de pólvora e que, naquela época, ninguém estava muito preocupado com segurança. Ocorre que, logo nos primeiros anos, durante a fabricação de pólvora ocorreu uma explosão que dizimou a fábrica inteira. A partir deste momento, segundo consta, surgiu a consciência de que era preciso investir na segurança das pessoas que iriam trabalhar nas fábricas. Obviamente, ninguém iria querer trabalhar numa atividade perigosa assim, se tivesse qualquer outra oportunidade.
Na história do desenvolvimento da cultura de segurança desta empresa, um dos pontos que mais me chamou a atenção e que eu classifico como o mais importante, foi a definição de quem seria responsável pela segurança dentro das fábricas.
Definiram que o gerente seria diretamente responsável pela prevenção de acidentes e doenças ocupacionais e, cada supervisor, o responsável direto pela segurança daqueles que com ele trabalham. Este princípio abrange todos os níveis, desde o presidente da companhia, passando pela gerência até o supervisor de primeira linha. Foi instituída a prática, no começo do século passado que a casa do gerente ficasse no interior da própria fábrica. Isso aumentou a responsabilidade do gerente com a segurança na sua fábrica pois ele não era apenas o responsável pelos trabalhadores e pela saúde física das instalações, mas também com seus familiares.”
“Eis alguns exemplos práticos de liderança em matéria de SST:
- visitar os locais de trabalho com vista a dialogar com os trabalhadores sobre as preocupações relacionadas com a segurança e saúde (os trabalhadores podem não só identificar problemas como também propor soluções);
- assumir responsabilidades pessoais e demonstrar preocupação;
- dar o exemplo;
- disponibilizar, tanto quanto possível, tempo e dinheiro.”
Fontes: azoresuperyachtservices.pt
abb-conversations.com/br
Fabrício Moreno
Técnico em Segurança do Trabalho